
O blog transcreve este texto publicado por Rostand Paraíso, na Revista Algo Mais (Recife), edição de março/2011, em homenagem ao grande intelectual pesqueirense Potiguar Matos:
"Primeiras décadas do século passado. Potyguar Matos, pesqueirense de nascimento, viera para o Recife em busca de horizontes mais largos. Recém-chegado do interior, morou algum tempo numa modesta pensão da 1º de Março, em cima da Cristal, em frente ao Café Lafayette. Ali, sem qualquer conforto, partilhava não um quarto, mas, na realidade, uma cama com um igualmente pobre estudante. Cama que – dizia ele –, usada em horários diferentes (Potyguar trabalhava à noite), tinha a vantagem de estar sempre quentinha. Potyguar se destacaria, entre a intelectualidade pernambucana, como jornalista, historiador e professor universitário, tornando-se famoso, também, pela sua oratória e pelo fato de ter sido o primeiro brasileiro que, não sendo sacerdote, ocupou o cargo de Reitor de uma Universidade Católica, a de Pernambuco. A 8 de setembro de 1986, foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras. Foi, ainda, Diretor do Arquivo Público de Pernambuco.
Certa vez, reunido com outros intelectuais pernambucanos no Torre de Londres, acolhedor restaurante localizado no Parque 13 de Maio, Potyguar foi afrontado por um grupo de estudantes que ali bebiam e faziam grande algazarra. Um dos estudantes, mais exaltado e estimulado pelas muitas cervejas já ingeridas, dirigiu-se, com o dedo em riste, para Potyguar, que havia reclamado do barulho:
Só não lhe dou uns tabefes porque você tem idade para ser meu pai...
E Potyguar, em voz alta o bastante para ser ouvido pelos outros:
E só não fui porque não quis..."
"Primeiras décadas do século passado. Potyguar Matos, pesqueirense de nascimento, viera para o Recife em busca de horizontes mais largos. Recém-chegado do interior, morou algum tempo numa modesta pensão da 1º de Março, em cima da Cristal, em frente ao Café Lafayette. Ali, sem qualquer conforto, partilhava não um quarto, mas, na realidade, uma cama com um igualmente pobre estudante. Cama que – dizia ele –, usada em horários diferentes (Potyguar trabalhava à noite), tinha a vantagem de estar sempre quentinha. Potyguar se destacaria, entre a intelectualidade pernambucana, como jornalista, historiador e professor universitário, tornando-se famoso, também, pela sua oratória e pelo fato de ter sido o primeiro brasileiro que, não sendo sacerdote, ocupou o cargo de Reitor de uma Universidade Católica, a de Pernambuco. A 8 de setembro de 1986, foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras. Foi, ainda, Diretor do Arquivo Público de Pernambuco.
Certa vez, reunido com outros intelectuais pernambucanos no Torre de Londres, acolhedor restaurante localizado no Parque 13 de Maio, Potyguar foi afrontado por um grupo de estudantes que ali bebiam e faziam grande algazarra. Um dos estudantes, mais exaltado e estimulado pelas muitas cervejas já ingeridas, dirigiu-se, com o dedo em riste, para Potyguar, que havia reclamado do barulho:
Só não lhe dou uns tabefes porque você tem idade para ser meu pai...
E Potyguar, em voz alta o bastante para ser ouvido pelos outros:
E só não fui porque não quis..."
DO BLOG DO SINESIO
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